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manifesto

inFORMAL

Arquitetura como arte, ofício e rebelião crítica do espaço.

A arquitetura é prática cultural, é expressão criativa e é atividade técnica. não é apenas arte, nem ofício, nem apenas construção. É articulação de pensamento crítico, sensibilidade estética e intervenção no território.  A arquitetura não pertence aos arquitetos — a arquitetura é um estado civil pertence a todos. É identidade, é memória, é experiência sensorial do espaço. É conhecimento técnico, domínio de ferramentas, compreensão dos materiais, dos processos, da realidade.

A arquitetura exige diálogo, exige responsabilidade, exige consciência. o arquiteto não é uma ilha, é um agente com impacto na vida das pessoas e no ambiente. Não há neutralidade no projeto. Não há inocência na forma.
 

Elogio da Forma

O mundo está sem forma. O mundo precisa de forma. O mundo precisa de se informar. O mundo precisa de formalizar. O mundo é informal. Isto não pode ser. Se um pilar sustentou o peso do teto, foi por teimosia ancestral. Se uma parede se ergueu, foi por impulso próprio. 
Nós? nós apenas passámos. 
Não desenhámos paredes: encorajámo-las. 
Não alinhámos portas: elas organizaram-se em assembleia espontânea. 
Não pintámos o soalho: o chão decidiu brilhar para nos cativar.

A forma não se constrói. A forma acontece, como uma gafe elegante num jantar formal. Acreditamos no espaço vivo, nervoso, inquieto. Pilares que mudam de humor conforme despacho. Paredes que suam sob o peso das nossas expectativas. Janelas que piscam à luz sem permissão.

Todos seremos responsáveis por espaços — quer saibamos distinguir um pilar de um tabique ou não. Viver é desenhar sem régua. É construir sem fita métrica. É habitar uma maquete permanentemente sabotada pelos dias. Exigimos a abolição das paredes sérias. A expulsão dos pilares convencionais. A emancipação dos telhados deprimidos. Reivindicamos a criação urgente do Ministério das Formas. Viva a inércia térmica emocional. Viva o espaço que sua, respira, tropeça e ri connosco.

Forma de olhar? Forma de sentir? A forma não é apenas o que dá organização à matéria. A forma vive, fala — mas alguém a ouve? A forma não se constrói. a forma acontece.
Os edifícios erguem-se e ninguém lhes percebe os ossos. As cidades expandem-se e poucos questionam o que estas deixaram para trás. Precisamos de novas formas de ver, de sentir, de ouvir, de tocar. Há que participar. A forma é uma expressão da liberdade.
A arquitetura não se impõe — propõe.
Não se encerra em regulamentos — abre-se à experimentação.
Não pertence aos arquitetos — pertence a todos.

e se o espaço nos tocasse?
e se o espaço nos prendesse?
e se o espaço nos ouvisse?

Nós

Reconhecemos e valorizamos a forma como dispositivo em constante evolução, fruto da participação coletiva de todos. Reconhecemos a consciência sobre a importância do ambiente construído. Porque o espaço é de todos. Porque a forma que lhe damos molda a nossa existência comum. Porque cada escolha que fazemos — ou deixamos que outros façam — desenha a qualidade da vida coletiva. Reclamamos o direito à arquitetura como arte e ofício. Como responsabilidade e liberdade. Como falha, como tentativa, como ensaio contínuo. Nós exaltamos a inteligência do improviso, o gesto inacabado, o erro honesto.


É por isso que defendemos uma arquitetura responsável e sustentável para todas as idades. Defendemos gerações futuras a tomar decisões sobre o espaço de forma consciente e informada. Defendemos a participação ativa da sociedade na construção do espaço, independentemente do estilo, género, ocupação ou formação. Defendemos a educação para a construção e proteção do território. Defendemos a valorização da cultura e das artes na educação, como instrumento de desenvolvimento pessoal e coletivo. Defendemos o ativismo cultural na arquitetura — livre, crítico, independente.

No dia 1 de dezembro de 2021, Hugo e Pedro manifestaram-se em Lisboa. Marta manifestou-se em Bordéus. E tu? Como te manifestas? Este documento é um convite aberto — radicalmente aberto. Porque a arquitetura só existe quando é vivida, pensada, partilhada. Este é o manifesto dos que não aceitam ideias pré-concebidas, dos que desenham com dúvidas, dos que constroem com todos.

Assinado de qualquer forma, 

Anexo ao Manifesto
Contributos Adicionais e informações importantes
 

1. A Arquitetura como Prática Cultural
Não é apenas solução para um problema funcional. É uma forma de interpretar o mundo, de o traduzir em matéria, de o criticar com espaço através da forma.
2. Do informal 
A informalidade não é desleixo. É inteligência adaptativa. É saber contornar limites com humor, criatividade e urgência.
3. O Valor da Improvisação
Este manifesto aceita o erro como parte do percurso. O pilar que não ficou alinhado pode ser mais honesto do que o que obedece a normas cegas.
4. Educar para Sentir 
Propõe-se que todas as pessoas, desde cedo, desenvolvam sensibilidade espacial. Porque todos somos arquitetos do nosso mundo, mesmo que nunca façamos uma planta.
5. O Arquiteto como Facilitador, não como Autor Absoluto
O arquiteto, neste enquadramento, escuta, provoca, participa. Mas nunca impõe. Ele organiza um caos criativo, sem sufocar a sua potência.
6. Pela Recusa do Formalismo Estéril
A forma só interessa se tiver alma. Linhas perfeitas vazias de conteúdo não salvam ninguém. 
7. A Profissão sem Farda
O profissional da arquitetura é cidadão antes de ser técnico. E artista antes de ser burocrata.

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